terça-feira, 27 de abril de 2010

Assembleia Municipal- Sessão Solene de 25 de Abril em Odemira




Dário Guerreiro coordenador da JS Odemira, membro da Assembleia Municipal, no momento da intervenção do Partido Socialista na sessão solene da Assembleia Municipal de Odemira alusiva ao 25 de Abril.

Intervenção:

"Não é por acaso que estamos aqui hoje reunidos neste local, a assinalar uma data tão especial para todos nós. Penso que não seja necessário alongar-me sobre o tema, até porque todos aqui presentes, apesar de alguns como eu terem nascido depois do 25 de Abril de 74, tem ciente o que realmente significa esta data histórica, o quanto mudou o rumo do nosso país, e os nossos destinos. A história das nações comprova que as revoluções, na nossa sociedade são uma constante, tudo é mutável, tudo se altera, tudo tem a tendência para se tornar instável, existiu e sempre existirá a queda e o fim de ciclos, épocas e movimentos, sendo esta uma inevitabilidade do processo de mudança. Partindo deste principio podemos afirmar que Portugal não foi excepção à regra, a nossa história é rica em revoluções, não tivéssemos nós nascido da (“Revolução de um filho contra a sua mãe”); somos ricos em grandes feitos, em grandes descobertas, em grandes vitórias e conquistas. Ao longo da história o povo português deu provas de uma grande capacidade de adaptação, de lidar e enfrentar novos desafios, dificuldades, e vencer os medos, fomos nós que enfrentamos os mares desertos, imensos lagos sem fim, que levariam qualquer navegador a que nele se ousasse entrar, a cair no abismo. Nunca desistimos, nunca baixamos os braços, sempre acreditamos que depois da tempestade viria a bonança, e a verdade é que passados 800 anos de história nem sempre brilhante, aqui estamos nós hoje na nossa luta para ter um Portugal cada vez melhor, cada vez mais aberto e cada vez mais livre, onde a palavra Liberdade possa ser ensinada, aprendida e acima de tudo Vivida.


Não quero ser fastidioso, alongando-me no discurso, nem incidir sobre a semântica das palavras, não pretendo dar lições ou de modo algum tecer considerações acerca do nosso passado, pois sobre a história os historiadores encarregar-se-ão de o fazer.

Passados 36 anos sobre a revolução do 25 de Abril, que nos devolveu a liberdade, a democracia e a liberdade de expressão, Portugal encontra-se num momento algo instável, nota-se um certo descontentamento, diria mesmo um certo estremecer, um mau estar na sociedade, e em especial na classe política. O povo português mostra uma certa insatisfação em relação ao funcionamento da nossa democracia, algum cansaço e descrédito para com políticos, e sempre que as coisas não correm pelo melhor, muito rapidamente se atribui as culpas aos políticos e aos governos. Devido a esta situação nos últimos anos, assistiu-se a um afastamento e a um desinteresse cada vez maior da parte da sociedade, e em especial dos jovens em relação à política, talvez porque muitas vezes se confunda “Politica” com “Partidos Políticos”, ou simplesmente porque não nos ensinaram a entender as diferenças, ou ainda porque alguém nos tenha mantido afastados desse entendimento. Muitos cépticos e alguns menos optimistas teimam em dizer que a situação é preocupante, e que ainda tenderá a piorar, que a nossa democracia poderá estar “ameaçada”, tentado muitos vezes comprová-lo através da análise de resultados eleitorais, e das cada vez maiores taxas de abstenção ocorridas nas eleições dos últimos anos. Sinto no entanto com grande optimismo que as coisas não estão assim como esses cépticos dizem, as coisas estão a Mudar, pelo menos em Odemira, basta olhar para composição desta assembleia, para constatar que de facto que as coisas estão realmente a mudar. Vê-se aqui muita gente jovem, dinâmica, com ideias novas, interessada, com vontade de participar, dar a sua opinião, intervir no destino da sua terra, do seu concelho, e do seu país, aqui está a prova que queremos participar nessa democracia que o 25 de Abril nos devolveu, aqui está a prova que o 25 de Abril existe, é uma realidade constante, e que vivemos em democracia plena. Como nós, a nossa democracia é ainda jovem, e que como qualquer jovem, tem um futuro longo à sua frente, um longo processo de aprendizagem a percorrer, do qual não nos podemos abstrair, mas sim intervir e construir, construir em conjunto com as gerações mais velhas, que com certeza nos ajudarão nessa construção, mas ao mesmo tempo espero que sejam capazes de nos ouvir, aceitar as nossas opiniões, confiar em nós, aconselhando-nos, e mostrando o caminho certo a seguir e acima de tudo aceitar a mudança. Importa também que, essa geração seja capaz de reflectir, identificar e assumir os erros do passado, pois só assim saberemos como evita-los no futuro. Seremos todos nós em conjunto que daremos continuidade à nossa grande história, só assim e em conjunto construiremos uma democracia mais forte, uma sociedade mais justa, onde possam imperar os valores mais nobres da raça humana, e onde os ideais da revolução dos cravos se possam confundir com o simples facto de ser português. Seremos ainda nós que transportaremos os ideais de Abril para o futuro, e tenho a certeza que enquanto houver um português, os ideais de Abril nunca cairão por terra."

Terminando em jeito de brincadeira pois hoje a liberdade me permite, posso agora aqui mudar as palavras do ditado, “que enquanto houver vida há esperança”, pois eu digo, “que enquanto houver um português, haverá 25 de Abril”.


A todos um bem-haja.

Viva a Juventude! Viva Odemira! Viva Portugal. Viva o 25 de Abril!

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